sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Felicidade, onde está você?



Por Elaine Soares Queiroz (CRP 06/63511-0)
Psicóloga e Diretora da Freixo Clínica


Nesses quinze anos de profissão, recebi em meus consultórios as mais diferentes pessoas: escolaridade, sexo, cultura, credo, nacionalidade, perdi o número de pacientes que passaram pelo meu “divã”, considerando inclusive, que muitos desses anos de trabalho foram em Hospital Público que propicia serviço com abrangente diversidade e demanda. E sem sombra de dúvidas, neste momento posso traçar algo em comum entre eles, a necessidade de ser feliz. Engana-se quem imagina que as pessoas procuram atendimento psicológico para resolver seus problemas, até porque esta não é a função de um psicólogo, mas buscam sim, livrar-se de uma situação conflitante que está lhe ocasionando infelicidade.

Portanto, conclui-se que a busca da felicidade é inerente ao ser humano, desta forma buscamos a felicidade como se ela fosse algo a alcançar, como se fosse mutável. Desejamos felicidade a alguém como se pudesse ser simplesmente adquirida.

Como manda o protocolo, toda vez que pretendemos escrever sobre determinado assunto é sempre importante pesquisar e estudar à respeito, e pesquisando não encontrei nenhum texto ou artigo que pudesse definir a felicidade, o que já nos diz muito a respeito do seu significado: é algo abstrato.

Então, alterei a estratégia na tentativa de definir a felicidade. O que não é felicidade. Atualmente vivemos em um regime capitalista e consumista, até porque não dizer “capitalista-consumista-globalizado”, onde as pessoas travam uma competição com outras entre “ter e ser”, uma inversão total de valores e importância por aquisição de bens, “quanto mais, quanto maior, quanto melhor”. Claro que ter uma vida confortável é necessidade de todos, mas vejamos, será que quem tem mais é mais feliz do que quem tem menos? Quem possui dois carros não é mais feliz do que quem possui um. Podemos adquirir um automóvel tão desejado, mais tarde nos voltar a outro, a verdade é quanto mais temos, mais queremos, e, sabemos também que quem aumenta suas posses, aumenta suas preocupações, então a multiplicidade de bens não trás o dobro de felicidade. É comum ouvirmos o dito popular, dinheiro não trás felicidade, manda buscar... alguém aí sabe em que loja posso adquiri-la? Felicidade não é produto a ser adquirido.

A felicidade não está relacionada a lugar que você habita, ou que você possa estar. Viajar para um lugar distante, paradisíaco não trás felicidade, infelizmente porque você carrega toda sua bagagem emocional, inclusive os conflitos que lhe atormentam a alma. Fugir dos problemas não é a solução, outra  dica sobre a felicidade. Ao contrário, viajar feliz torna a viagem ainda mais fascinante, o lugar visitado ainda mais belo e a pessoa ao seu lado ainda mais especial.

Prestígio, fama, sucesso também não lhe torna uma pessoa feliz, quantos famosos e pessoas bem conceituadas são infelizes e se comportam como loucas? São pessoas frustradas e insatisfeitas. Muitas vezes perdem a vida de forma imatura e trágica.

Você pode prolongar esta felicidade, como pode prolongar a infelicidade, ao ruminar pensamentos destrutivos, rancor e raiva.

Há quem pense na felicidade como ausência de problemas, pois bem, só não tem problemas ou conflitos para lidar quem morreu. A ausência de sofrimento não causa felicidade, pois é muito comum ouvirmos alguém dizendo que em meio ao sofrimento tornou-se uma pessoa melhor e mais feliz. A adversidade proporciona felicidade é comum estabelecermos uma verdadeira amizade em um momento difícil, encontrarmos um verdadeiro amor após sofrer uma decepção amorosa, aproximar-se da espiritualidade, da religião após uma fatalidade.


A vida machuca sim, a todos nós: sofremos decepções, somos magoados, fracassamos em nossos objetivos, perdemos pessoas que amamos, então dor é uma condição necessária para a felicidade. Exemplificando;  eu posso ter uma pessoa com anos de vida contados,  posso sofrer muito com isso, mas posso também aproveitar cada dia de vida dela e me sentir a pessoa mais feliz do mundo por vê-la despertar enquanto ainda nos restam esses dias. Sempre coisas boas também estão acontecendo em nossas vidas, basta prestar atenção.

Felicidade pode estar nas situações e vivências mais simples, como quando você consegue tirar do seu instrumento aquela nota musical que parecia nunca acertar. Aquela doce e única lembrança da adolescência que de tão importante ainda habita  seu coração, uma música que marca uma fase maravilhosa, um momento importante, um filme com final feliz, divertidas horas com amigos, estar por alguns minutos com um amor ou receber um abraço apertado de um filho. Você pode ser feliz por muitas razões ou por razão alguma.

Um jornal de Londres ofereceu um premio à pessoa mais feliz da cidade. Foram três vencedores; uma jovem mãe que cantarolava toda noite enquanto dava banho em seu bebê. Um artesão que assobiava enquanto trabalhava e um cirurgião sorridente, que sorria a todos cada vez que terminava uma cirurgia bem sucedida. Nada de especial. Mas felicidade transparece.

Por favor,  o que é felicidade? Apenas um momento, um estado de espírito. A felicidade não é sólida, não é concreta, é algo imutável, relativa, não podemos esperar uma felicidade absoluta, nada é absoluto nesta vida. Não espere alcançá-la, seja auto sugestionável,

F E L I C I D A D E  esta bem aí, ao seu lado ou seria dentro de você?

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