sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A guerra dos sexos: antagonismo não, complementaridade sim

Por Elaine Soares Queiroz (CRP 06/63511-0), Psicóloga e Diretora da Freixo Clínica
&
Paulo Becare Henrique (CRP 06/70260), Psicólogo da Freixo Clínica

Na nossa prática clínica, notamos uma verdadeira guerra dos sexos: é muito comum as mulheres trazerem queixas bem definidas e semelhantes a respeito das limitações masculinas, tais como: falta de sensibilidade, dificuldade em lidar com os sentimentos, uma quase incapacidade de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, excesso de objetividade. Enquanto isso, do outro lado do divã, ouvimos com frequência as queixas que os homens fazem a respeito das mulheres: nunca estão satisfeitas com nada, perdem o foco com muita facilidade, quando pedem algo, é sempre tudo ao mesmo tempo.

Mas será que precisa ser sempre assim? Será que essa guerra realmente existe ou é apenas um produto cultural e familiar da nossa sociedade patriarcal? Por conta das constantes queixas mútuas referidas no parágrafo anterior, muitas relações são desfeitas, famílias desmanchadas e muitos empregos/carreiras são arruinados, tudo isso gerando muito descontentamento e estresse. Freud se perguntava: “mas afinal, o que querem as mulheres?” Mas elas não são as únicas difíceis de ser compreendidas. Os homens também são tão complicados quanto as mulheres, pois a espécie humana em geral é muito complexa. Sendo assim, nós podemos perguntar: e o que Freud, enquanto homem, buscava?

Refletindo e conversando sobre esses conflitos, nos demos conta de que essa relação entre os gêneros e as diferenças também pode ser muito produtiva. Vejamos: temos aqui um texto escrito por duas pessoas, o que já é algo bastante difícil. Acrescente o fato de que essas duas pessoas são uma mulher e um homem com todo esse antagonismo conhecido e mencionado. E ainda por cima com abordagens (técnicas) diferentes. Era uma parceria que tinha tudo para dar errado. No entanto, acima das diferenças, encontramos e conseguimos estabelecer um forte ponto de união: o amor e o fascínio por esta profissão que nos possibilitou uma sintonia e afinidade tão boa que aqui estamos: transcendendo as diferenças de gênero e abordagem teórica e escrevendo a quatro mãos.

Nossa intenção aqui não é uma auto-promoção, mas sim exemplificar que é possível superar e harmonizar toda e qualquer situação antagônica, desde que exista um encontro de identificação e intersecção que se torne maior do que todas as diferenças. É quase que uma teoria onde congruência, afinidade, respeito e afeto se canalizam em um mesmo objetivo, como no símbolo chinês do Ying-Yang: duas partes diferentes que se unem para equilibrar energias e formar um todo coeso e completo.

Nos referimos aqui a toda situação em que exista algum antagonismo. Da mesma forma que o amor pela profissão nos permitiu elaborar nossas diferenças, o amor por um filho pode permitir a um pai e uma mãe transcender suas expectativas, ansiedades, angústias, divergências enquanto homem e mulher em prol a felicidade deste filho.

Estamos tentando mostrar que essa guerra dos sexos pode ser superada em quaisquer âmbitos: familiar, conjugal e no ambiente de trabalho. O amor pela profissão ou pelo objetivo de uma organização seria o elemento de intersecção e união que faz o todo ser algo maior do que apenas a soma de suas partes. “Nenhum de nós dois é melhor do que nós dois juntos.”

Não estamos tentando negar as diferenças, ao contrário, estamos destacando a importância dessas características emocionais que formam o universo masculino e feminino, pois essas diferenças são necessárias para o resultado final. Precisamos do funcionamento de ambos: a visão micro dos homens para que não se perca o foco e a visão macro das mulheres para não perder-se do todo. Como em uma rosa: a sensibilidade feminina e a beleza nas pétalas e a força masculina presente nos espinhos.

Terminamos este texto satisfeitos e felizes com a experiência de escrevê-lo em dupla, um texto simples, porém complexo como toda e qualquer relação. Ele é mais um dos resultados bem sucedidos da nossa parceria. Compartilhá-lo com os nossos leitores, pacientes, colaboradores e amigos é um grande prazer e uma prova concreta da funcionalidade dos pontos de vista aqui defendidos. Conseguimos demonstrar na prática que uma psicóloga comportamental e um psicólogo psicanalítico conseguem não apenas trabalhar diariamente com respeito, afinidade e sintonia, mas também sentarem-se juntos para elaborar conceitos de comum acordo. Esse texto foi a materialização nascida dessa afinidade já presente no nosso dia a dia na clínica e em outros trabalhos em nosso blog. E que venham muito mais frutos dessa complementaridade tão produtiva!

Felicidade, onde está você?



Por Elaine Soares Queiroz (CRP 06/63511-0)
Psicóloga e Diretora da Freixo Clínica


Nesses quinze anos de profissão, recebi em meus consultórios as mais diferentes pessoas: escolaridade, sexo, cultura, credo, nacionalidade, perdi o número de pacientes que passaram pelo meu “divã”, considerando inclusive, que muitos desses anos de trabalho foram em Hospital Público que propicia serviço com abrangente diversidade e demanda. E sem sombra de dúvidas, neste momento posso traçar algo em comum entre eles, a necessidade de ser feliz. Engana-se quem imagina que as pessoas procuram atendimento psicológico para resolver seus problemas, até porque esta não é a função de um psicólogo, mas buscam sim, livrar-se de uma situação conflitante que está lhe ocasionando infelicidade.

Portanto, conclui-se que a busca da felicidade é inerente ao ser humano, desta forma buscamos a felicidade como se ela fosse algo a alcançar, como se fosse mutável. Desejamos felicidade a alguém como se pudesse ser simplesmente adquirida.

Como manda o protocolo, toda vez que pretendemos escrever sobre determinado assunto é sempre importante pesquisar e estudar à respeito, e pesquisando não encontrei nenhum texto ou artigo que pudesse definir a felicidade, o que já nos diz muito a respeito do seu significado: é algo abstrato.

Então, alterei a estratégia na tentativa de definir a felicidade. O que não é felicidade. Atualmente vivemos em um regime capitalista e consumista, até porque não dizer “capitalista-consumista-globalizado”, onde as pessoas travam uma competição com outras entre “ter e ser”, uma inversão total de valores e importância por aquisição de bens, “quanto mais, quanto maior, quanto melhor”. Claro que ter uma vida confortável é necessidade de todos, mas vejamos, será que quem tem mais é mais feliz do que quem tem menos? Quem possui dois carros não é mais feliz do que quem possui um. Podemos adquirir um automóvel tão desejado, mais tarde nos voltar a outro, a verdade é quanto mais temos, mais queremos, e, sabemos também que quem aumenta suas posses, aumenta suas preocupações, então a multiplicidade de bens não trás o dobro de felicidade. É comum ouvirmos o dito popular, dinheiro não trás felicidade, manda buscar... alguém aí sabe em que loja posso adquiri-la? Felicidade não é produto a ser adquirido.

A felicidade não está relacionada a lugar que você habita, ou que você possa estar. Viajar para um lugar distante, paradisíaco não trás felicidade, infelizmente porque você carrega toda sua bagagem emocional, inclusive os conflitos que lhe atormentam a alma. Fugir dos problemas não é a solução, outra  dica sobre a felicidade. Ao contrário, viajar feliz torna a viagem ainda mais fascinante, o lugar visitado ainda mais belo e a pessoa ao seu lado ainda mais especial.

Prestígio, fama, sucesso também não lhe torna uma pessoa feliz, quantos famosos e pessoas bem conceituadas são infelizes e se comportam como loucas? São pessoas frustradas e insatisfeitas. Muitas vezes perdem a vida de forma imatura e trágica.

Você pode prolongar esta felicidade, como pode prolongar a infelicidade, ao ruminar pensamentos destrutivos, rancor e raiva.

Há quem pense na felicidade como ausência de problemas, pois bem, só não tem problemas ou conflitos para lidar quem morreu. A ausência de sofrimento não causa felicidade, pois é muito comum ouvirmos alguém dizendo que em meio ao sofrimento tornou-se uma pessoa melhor e mais feliz. A adversidade proporciona felicidade é comum estabelecermos uma verdadeira amizade em um momento difícil, encontrarmos um verdadeiro amor após sofrer uma decepção amorosa, aproximar-se da espiritualidade, da religião após uma fatalidade.


A vida machuca sim, a todos nós: sofremos decepções, somos magoados, fracassamos em nossos objetivos, perdemos pessoas que amamos, então dor é uma condição necessária para a felicidade. Exemplificando;  eu posso ter uma pessoa com anos de vida contados,  posso sofrer muito com isso, mas posso também aproveitar cada dia de vida dela e me sentir a pessoa mais feliz do mundo por vê-la despertar enquanto ainda nos restam esses dias. Sempre coisas boas também estão acontecendo em nossas vidas, basta prestar atenção.

Felicidade pode estar nas situações e vivências mais simples, como quando você consegue tirar do seu instrumento aquela nota musical que parecia nunca acertar. Aquela doce e única lembrança da adolescência que de tão importante ainda habita  seu coração, uma música que marca uma fase maravilhosa, um momento importante, um filme com final feliz, divertidas horas com amigos, estar por alguns minutos com um amor ou receber um abraço apertado de um filho. Você pode ser feliz por muitas razões ou por razão alguma.

Um jornal de Londres ofereceu um premio à pessoa mais feliz da cidade. Foram três vencedores; uma jovem mãe que cantarolava toda noite enquanto dava banho em seu bebê. Um artesão que assobiava enquanto trabalhava e um cirurgião sorridente, que sorria a todos cada vez que terminava uma cirurgia bem sucedida. Nada de especial. Mas felicidade transparece.

Por favor,  o que é felicidade? Apenas um momento, um estado de espírito. A felicidade não é sólida, não é concreta, é algo imutável, relativa, não podemos esperar uma felicidade absoluta, nada é absoluto nesta vida. Não espere alcançá-la, seja auto sugestionável,

F E L I C I D A D E  esta bem aí, ao seu lado ou seria dentro de você?

Dependente Químico – um outro olhar




Por Deborah Cozachevici de Jesus (CRP 06/99089)
Psicóloga da Freixo Clínica


Falar sobre dependência química é algo muito delicado, pois envolve inúmeras facetas, estereótipos e principalmente o preconceito. Porém, mergulho nesse universo tão vasto e complexo, por algumas percepções durante a prática clínica.

A priori é fascinante perceber e compreender que ao acolher os sentimentos, culpas e angústias trazidas pelos dependentes, torna-se proporcionalmente possível abrir margem para que saiam desta posição marginalizada em primeiro plano, se posicionando então como portadores de uma “doença”, dando legitimidade ao sofrimento, bem como a patologia.

A Síndrome de Dependência Química é uma doença física, mental e emocional crônica, progressiva podendo ser fatal, caso não seja detida a sua progressão, levando o portador à morte prematura, à prisão e /ou à loucura permanente.

E, ao perceber que desta maneira os “drogaditos” tornam –se pacientes que conseguem melhor compreender as razões orgânicas de sua dependência, e como isto está diretamente ligado às respostas emocionais, aflora a motivação para busca do tratamento farmacológico/psiquiátrico.

Quando falamos em dependência química, não devemos nos esquecer que a nossa sociedade está atrelada de uma maneira geral, a todos os tipos de drogas, lícitas e ilícitas.

No dia-a-dia na clínica, percebo que a dependência química traz consigo uma gama infinita de conflitos e sofrimentos tanto para o dependente como também para o núcleo familiar, tornando-os co-dependentes, isto porque a dependência se dá em diversos âmbitos, passando de uma dependência emocional (com seus aspectos e estruturas psicológicas), bem como pela dependência orgânica (reações químicas no sistema nervoso central).

É uma montanha russa de sensações e emoções para o paciente, passando por vários sentimentos, desde pequenas alegrias, grandes euforias, tristeza aparentemente insignificante, melancolia, apatia, podendo levar até uma profunda depressão.

Embora seja um tema muito atual, é difícil a sua abordagem, por ser dolorido de se tratar, então se torna imprescindível enfatizar de que há tratamento, e que há solução. Mas para que ocorra uma melhora efetiva e legítima no processo de desvincilhamento da droga, é necessário que o tratamento seja realizado de uma maneira ampla e multidisciplinar, fazendo com que o paciente entenda este processo.

Digo sempre aos meus pacientes: “Pensem quando precisam calibrar os pneus de um carro. Isto é feito nos quatro pneus conjuntamente, pois caso contrário o carro ficará instável, não atingindo êxito em seu propósito.”.

O objetivo maior deste texto segue o mesmo princípio dos objetivos da ação terapêutica no tratamento do dependente químico: o primeiro e mais importante passo é tirá-lo de uma condição marginalizada e devolvê-lo à sua dimensão humana, partindo da dor e do sofrimento para a esperança de uma verdadeira libertação de seu vício.

Consciência na postura



Fisioterapeutas da Freixo Clínica
 
Por Evandro César dos Reis Salles (CREFITO 3/167262) e
Marcella Fernandes Aprile (CREFITO 3/182618)
 

Frequentemente, nós, fisioterapeutas, observamos com a prática clínica que a cada dia há um aumento da incidência de queixas de dores nas costas, queixas essas que surgem nas mais diversas idades, circunstância ou causa, entendendo causa como sintomas de uma patologia, porém em grande escala essas dores trata-se de má postura e vícios posturais.

Má posturas e vícios posturais em geral são provocados pelo excesso de peso, sedentarismo ou problemas decorrentes a rotina imposta diariamente.

A Organização Mundial da Saúde calcula que 80% da população mundial sofrerá pelo menos uma vez na vida algum episódio de dor nas costas. Estudo realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública, ligada à Fiocruz, revela que o problema atinge cerca de 36% da população, e que apenas 68% dos afetados procuram tratamento. Os pesquisadores entrevistaram 12.423 pessoas de todas as regiões do Brasil, com mais de 20 anos de idade. As informações foram levantadas em 2008 e recentemente divulgadas.

Dentro todos os fatores causadores de dor nas costas, o maior vilão é a rotina diária. A pensar que brigamos cotidianamente com o tempo, então tudo que fazemos muitas vezes é de forma automática sem a consciência da ação.

Consciência, ato de se tornar consciente, esclarecido sobre algo necessário para o nosso aprendizado, tomar consciência nos prepara para evitar hábitos inadequados que geram uma série de consequências, uma má postura ao andar, sentar, digitar ou mesmo levantar e ou carregar peso de forma incorreta geram grandes sobrecargas para o corpo e a coluna. A falta de orientação a essas ações diárias e corriqueiras geram danos que podem persistir por toda a vida se não forem tratados, afetando a qualidade de vida e causando stress físico e emocional.

Podemos ressaltar que o avanço tecnológico tem uma grande parcela de culpa nos problemas posturais. Muitos jovens e adultos passam horas na frente do computador gerando sobrecarga para a coluna acarretando dores, desconforto e incômodos nas costas. A consciência corporal nos auxilia no combate à esses distúrbios, prevenindo lesões e diminuindo os sintomas.

Abaixo segue algumas dicas sobre tarefas diárias.





Simples movimentos fazem grandes diferenças, então cuidado ao abaixar, carregar peso, pratique atividade física, pratique vida saudável, inicialmente pode parecer difícil, mas tomar consciência é importante e o primeiro passo para a mudança, os próximos passos ficarão por conta dos próprios resultados, melhora na qualidade de vida, no humor, no sono, mais disposição para realizar suas atividades, aguentando mais as cargas que o dia traz ao seu corpo. O convite está feito: “Consciência na Postura”.

Conhecendo Fonoaudiologia



Por Fonoaudiólogas da Freixo Clínica,

Thaís Silkinate CRF 17075, 
Mileni Martins Capilla CRF 15911,
Cristiane Madruga de Metos CRF18601.
 

Atualmente a fonoaudiologia tem ocupado grande espaço na vida das pessoas. Nos últimos anos houve um crescimento e reconhecimento desta profissão, sem dúvida, a atuação clínica foi a maior responsável pela consolidação da Fonoaudiologia, mas o crescimento dessa profissão ultrapassou os limites da clínica. Então, vamos conhecer fonoaudiologia.

O fonoaudiólogo é o profissional da saúde e educação que atua na promoção, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação e terapia nas áreas de audiologia, linguagem, motricidade orofacial, voz e saúde coletiva.

Na área de audiologia o fonoaudiólogo deverá avaliar, identificar a perda auditiva, indicar o melhor aparelho considerando as necessidades do paciente realizar processo terapêutico, se houver necessidade.

A área de linguagem engloba uma série de habilidades, como atenção, memória, discriminação auditiva, compreensão, entre outras, e cabe ao fonoaudiólogo identificar quais das habilidades estão comprometidas e devem ser estimuladas em terapia.

A área de motricidade orofacial atua nas funções relacionadas à respiração, sucção, mastigação, deglutição, expressão facial e articulação. E na área de voz o fonoaudiólogo avalia e reabilita problemas de voz falada, voz cantada e aperfeiçoa os padrões vocais.

Em alguns casos a atuação fonaoudiológica ocorre de maneira interdisciplinar, com otorrinolaringologistas, pediatras, neurologistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais, a fim de fechar um diagnóstico e intervir de maneira mais efetiva, visando sempre uma melhor qualidade de vida para o paciente e para os familiares.

Quanto mais cedo ocorrer a intervenção terapêutica melhores serão os resultados, por isso os pais, professores e familiares devem ficar atentos ao processo de desenvolvimento das crianças, observando se apresentam dificuldades de interação e comunicação, dificuldades na fala, na sala de aula com rendimento escolar abaixo do esperado e se apresentam dificuldade de mastigar e engolir algum tipo de consistência alimentar (sólido, líquido, pastoso).

Uma forma de perceber se seu filho tem dificuldades é observando outras crianças da mesma faixa etária e se houver qualquer dúvida buscar a ajuda de um profissional qualificado. A intervenção precoce nos indivíduos adultos e idosos também é importante. Lembrando sempre que os pais e a família são parte fundamental de todo o processo terapêutico e são também os responsáveis pela evolução do paciente.