Eles pensavam que sabiam falar de amor. Enchiam cadernos, agendas, blogs, tweets e até guardanapos de lanchonete com poesias, declarações, juras, promessas, suspiros, devaneios, ilusões, sonhos e desejos.
Eles pensavam que entendiam as coisas da eternidade, dos corações, almas, químicas, corpos e despedidas. Acreditavam conhecer todas canções de amor, das mais bregas às mais sofisticadas; estavam certos de que todas versejavam sobre suas conquistas, frustrações e desventuras.
Julgavam já ter suportado todas as possíveis agruras, amarguras, dores do mundo e de cotovelo. Sábios e experientes na arte da platonicidade-não-correspondida: assim se concebiam.
Acreditavam, enfim, que entendiam tudo sobre o amor, ignorando que menos entende de amor aquele que mais o vive.
Um dia, porém, esse pequeno grande mundo estranho se tornou menor. Lá no céu astros esqueceram suas órbitas por um instante, colidiram, causaram explosões silenciosamente ensurdecedoras e o universo conspirou como só conspira em big-bangs e apocalipses: ela e ele enfim se encontraram na grande rede dos desencontros. O que antes era dois caminhos paralelos na penumbra, agora se tornou uma só clareira.
E a cada dia entendem menos de amor...
Paulo Becare Henrique - CRP 06/70260
Psicólogo da Freixo Clínica
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