sexta-feira, 11 de maio de 2012

Jornadas vividas e por viver


Com a entrada nas redes sociais e a estreia deste blog, a Freixo Clínica está iniciando uma nova fase em sua jornada de prestação de serviços éticos e de qualidade na área da Saúde. Ao mesmo tempo, oferecemos a nossa companhia e os nossos cuidados para a jornada de vida daqueles que nos procuram. E, já que estamos falando em "jornadas", "cuidados" e "companhia" em pleno Mês das Mães, é impossível não nos reportar a essa que é a maior e mais fascinante jornada humana: a maternidade. Fiquem atentos, pois ao longo de todo o mês de maio abordaremos esse assunto sob os mais variados ângulos. Estão prontos para embarcar nessa conosco?

São tantas flores e tantas cores em meio a tantas dores
São tantos sorrisos e tantos risos em meio a tantos gritos
São tantas falas e tantas palavras em meio ao que não foi dito
São tantas passagens em tantas fases
São pequenas, são grandes, são imensas
São simples, são complexas, são verdadeiras
São únicas, incompletas, mas que completam
São tão vividas, porém recém-nascidas
São inocentes, são maliciosas e irreverentes
São meu mundo, querem o mundo, pertencem ao mundo,
Um dia ganham o mundo, mas e meu mundo?...
(Um poema a quem ama incondicionalmente)

Autora: Elaine Soares Queiroz (CRP 06/63511-0)
Psicóloga/Diretora da Freixo Clínica

As flores do jardim


Luana, uma flor no jardim de Patrícia Viana
Eu sempre achei que uma mulher se realiza por completo quando vive a maternidade, uma experiência que transcende qualquer tentativa de explicação, algo que você só consegue dimensionar a partir do momento que vive, e que muda decisivamente e eternamente o que somos , o que pensamos e como agimos. É impressionante como nos tornamos mais fortes, nossos reflexos mudam, a sensibilidade , então, só cresce mais e mais a cada dia, junto com um amor que vence, supera e transforma absolutamente tudo.

O que eu não sabia é que tudo isso pode ser ainda maior quando somos surpreendidas por uma maternidade especial, quando somos escolhidas para sermos mães de uma maneira muito mais intensa, em virtude desta maternidade nos exigir ainda mais dedicação, desprendimento, atenção, cautela, paciência, sabedoria e principalmente muito amor.

Eu agradeço a Deus diariamente por ter sido escolhida por Ele para viver esta maternidade. Sou mãe de três filhas, Mariana de 8 anos, Juliana de quatro anos e Luana , de dez meses que nasceu com Síndrome de Down. Elas são o que de melhor poderia ter acontecido na minha vida.

Toda as vezes que me perguntavam sobre o sexo do bebê ou o que nós preferíamos, alguém sempre vinha com aquela frase clássica: “não importa o sexo, mas o importante é que venha com saúde”. Ainda que a Síndrome de Down não seja uma doença, mas sim uma condição, um conjunto de sinais e sintomas, algumas crianças nascem com algumas complicações que podem comprometer seriamente a sua saúde, e é claro que isso preocupa e assusta bastante os pais.

No caso da minha filha Luana, ela não apresenta nenhuma dessas possíveis complicações, o que não afasta a necessidade de cuidados especialmente complexos com ela. Apesar de nós sempre desejarmos o melhor para os nossos filhos, hoje eu realmente compreendo que o importante não é que os nossos filhos “venham” com “saúde”, mas que independente de como eles nasçam , nós sejamos excepcionalmente maravilhosos para fazer da vida deles uma grande vitória, a cada dia que passa.

Quando a Luana nasceu, eu tinha muito medo que o caminho fosse muito mais de espinhos do que de flores, e hoje eu vivo num jardim lindo, recheado das mais belas flores que uma mãe almeja receber. Não porque não existam aflições ou dificuldades, preconceito ou obstáculos grandes a superar, mas sim porque eu decidi não lamentar, mas aceitá-la como ela é, como devemos aceitar todos os filhos com suas particularidades, e viver esta experiência intensamente, oferecendo a ela a todo instante o meu melhor, sempre.

Apesar de eu ser fisioterapeuta, as dificuldades que enfrentei e enfrento são as mesmas de qualquer outra mãe porque ela não é minha paciente, é minha filha. Além do amor de Deus, que nos envolve e nos acalma dia e noite, um aliado bastante importante foi a informação, quanto mais eu me informava, mais e mais o meu coração se acalmava, e eu entendia que a nossa dedicação incondicional a ela faria toda a diferença. E tem feito, a Luana me ensinou que ser mãe dela é uma honra, porque eu conheci o significado do amor na sua ainda mais plena essência, e como eu escrevi no início deste texto , um amor que vence, supera e transforma absolutamente tudo. A Luana é uma jóia rara, que precisa apenas de uma lapidação mais cuidadosa e especial, mas que também terá seu brilho e beleza próprios. Ela é, sem dúvida , o que eu precisava para merecer a plenitude da alegria de ser mãe.

Patrícia Sanches de Faria Viana (Crefito 120083)
Coordenadora do serviço de Fisioterapia da Freixo Clínica

Distúrbios de Aprendizagem: angústias e esperanças maternas


Quando falamos em Distúrbios de Aprendizagem sempre pensamos nas crianças que não lêem, não conseguem aprender e não acompanham os colegas na escola. Mas quantas vezes pensamos nas mães que não conseguem lidar com esse turbilhão de angústias que o problema gera em seus corações?

Sempre que converso com mães cujos filhos sofrem por não conseguir aprender, escuto narrativas carregadas de dúvidas, desespero sobre qual caminho seguir ou a correria em busca de um diagnóstico correto ou um médico que as socorram. Isso sem falar na derrota que sofrem quando, no momento da reunião escolar, é chegada a hora de enfrentar o “monstro” em que o boletim de notas se transforma. Elas guardam como um grande segredo as ofensas, comparações e as constantes humilhações de que muitas vezes seus filhos são vítimas.

Certa vez, eu ouvi de uma mãe que disse que muito sofrimento e muitos momentos de angústia teriam sido evitados se alguém pudesse lhes dar um pouco de esperança, por menor que fosse. Ou que as ajudasse a lidar com os medos de enfrentar tudo de frente. São histórias parecidas, mas que ao final se entrelaçam quando se trata de entender e ajudar seus filhos na busca de uma solução.

Com certeza, com o diagnóstico correto e uma equipe multidisciplinar envolvida trabalhando em sintonia, o Distúrbio de Aprendizagem passa a ser mais fácil de ser diagnosticado e reabilitado, facilitando a inclusão dessa criança na escola e preparando-a para que, na vida adulta, grande parte dos sintomas causados pelo problema seja superada.

Importante mesmo é entendermos que nós, profissionais envolvidos, somos, muitas vezes, a única “ponta de esperança” dessas mães. Que saibamos diagnosticar, além do Distúrbio, os pedidos de socorro, para que, assim, possamos oferecer alternativas a esse sofrimento e que possamos, também, ajudá-las a entender que é possível a realização do sonho de que seus filhos possam ser crianças vitoriosas, capazes de realizar coisas com as quais elas, muitas vezes, sonharam como ideais!

Mães, recebam o reconhecimento da Equipe Freixo Clínica!
Aos colegas, um apelo profissional.

Patrícia Pigossi
Fonoaudióloga da Freixo Clínica
CRF 14474

Recado de um homem para os homens



"Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver"
(Gilberto Gil - "Super-homem, a canção")

Em pleno século XXI e em tempos de homofobia, falar sobre o lado feminino do homem ainda é um tabu. Para os homofóbicos ou machistas de plantão, é quase uma confissão de homossexualidade (ou de submissão às mulheres). Nada mais distante da realidade.

Já em 1905, nos "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade", Freud apontava para uma bissexualidade constitucional psíquica nos seres humanos. O que isso significa? Que todo mundo vai sair por aí transando com pessoas de ambos os sexos? Não, em absoluto. Significa que, falando numa linguagem simples e acessível, todos os seres humanos possuem traços/características do sexo oposto em sua constituição psíquica, em sua personalidade.

Jung, à sua maneira, também falou sobre isso quando postulou os conceitos de anima e animus. Luiz Paulo Grinberg, no livro "Jung, o homem criativo", afirma que, assim como alguns hormônios e características físicas femininas estão presentes no homem (e vice-versa), o mesmo ocorre com as características psicológicas: anima é o nome que Jung deu para personificar os elementos femininos inconscientes presentes no psiquismo do homem, enquanto animus personifica os aspectos masculinos inconscientes da mulher. Interessante notar que "anima" significa "alma", em latim...

A postura machista e homofóbica, longe de tornar um homem mais homem ou mais macho, só o torna um ser incompleto. Somente aceitando e integrando seu lado feminino em sua personalidade, os homens poderão, de fato, tornar-se homens completos (ou super-homens, de acordo com a canção de Gil) e ser capazes de conviver com a alteridade, com o diferente. E, se não conseguirem entender melhor as mulheres, ao menos conseguirão respeitá-las muito mais.

Como vocês podem ver nos textos acima, meus caros amigos homens, por enquanto este post é o único texto masculino no meio de uma série, digamos assim, bem "cor-de-rosa". E nem por isso deixei de ser "azul". O mesmo ocorrerá com qualquer outro homem. Imergir no universo feminino não afetará a masculinidade de nenhum de vocês, acreditem. Muito pelo contrário: o crescimento em termos de maturidade e inteligência emocional proporcionado por essa experiência é extremamente recompensador.

Paulo Becare Henrique (CRP 06/70260)
Psicólogo da Freixo Clínica