sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A guerra dos sexos: antagonismo não, complementaridade sim

Por Elaine Soares Queiroz (CRP 06/63511-0), Psicóloga e Diretora da Freixo Clínica
&
Paulo Becare Henrique (CRP 06/70260), Psicólogo da Freixo Clínica

Na nossa prática clínica, notamos uma verdadeira guerra dos sexos: é muito comum as mulheres trazerem queixas bem definidas e semelhantes a respeito das limitações masculinas, tais como: falta de sensibilidade, dificuldade em lidar com os sentimentos, uma quase incapacidade de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, excesso de objetividade. Enquanto isso, do outro lado do divã, ouvimos com frequência as queixas que os homens fazem a respeito das mulheres: nunca estão satisfeitas com nada, perdem o foco com muita facilidade, quando pedem algo, é sempre tudo ao mesmo tempo.

Mas será que precisa ser sempre assim? Será que essa guerra realmente existe ou é apenas um produto cultural e familiar da nossa sociedade patriarcal? Por conta das constantes queixas mútuas referidas no parágrafo anterior, muitas relações são desfeitas, famílias desmanchadas e muitos empregos/carreiras são arruinados, tudo isso gerando muito descontentamento e estresse. Freud se perguntava: “mas afinal, o que querem as mulheres?” Mas elas não são as únicas difíceis de ser compreendidas. Os homens também são tão complicados quanto as mulheres, pois a espécie humana em geral é muito complexa. Sendo assim, nós podemos perguntar: e o que Freud, enquanto homem, buscava?

Refletindo e conversando sobre esses conflitos, nos demos conta de que essa relação entre os gêneros e as diferenças também pode ser muito produtiva. Vejamos: temos aqui um texto escrito por duas pessoas, o que já é algo bastante difícil. Acrescente o fato de que essas duas pessoas são uma mulher e um homem com todo esse antagonismo conhecido e mencionado. E ainda por cima com abordagens (técnicas) diferentes. Era uma parceria que tinha tudo para dar errado. No entanto, acima das diferenças, encontramos e conseguimos estabelecer um forte ponto de união: o amor e o fascínio por esta profissão que nos possibilitou uma sintonia e afinidade tão boa que aqui estamos: transcendendo as diferenças de gênero e abordagem teórica e escrevendo a quatro mãos.

Nossa intenção aqui não é uma auto-promoção, mas sim exemplificar que é possível superar e harmonizar toda e qualquer situação antagônica, desde que exista um encontro de identificação e intersecção que se torne maior do que todas as diferenças. É quase que uma teoria onde congruência, afinidade, respeito e afeto se canalizam em um mesmo objetivo, como no símbolo chinês do Ying-Yang: duas partes diferentes que se unem para equilibrar energias e formar um todo coeso e completo.

Nos referimos aqui a toda situação em que exista algum antagonismo. Da mesma forma que o amor pela profissão nos permitiu elaborar nossas diferenças, o amor por um filho pode permitir a um pai e uma mãe transcender suas expectativas, ansiedades, angústias, divergências enquanto homem e mulher em prol a felicidade deste filho.

Estamos tentando mostrar que essa guerra dos sexos pode ser superada em quaisquer âmbitos: familiar, conjugal e no ambiente de trabalho. O amor pela profissão ou pelo objetivo de uma organização seria o elemento de intersecção e união que faz o todo ser algo maior do que apenas a soma de suas partes. “Nenhum de nós dois é melhor do que nós dois juntos.”

Não estamos tentando negar as diferenças, ao contrário, estamos destacando a importância dessas características emocionais que formam o universo masculino e feminino, pois essas diferenças são necessárias para o resultado final. Precisamos do funcionamento de ambos: a visão micro dos homens para que não se perca o foco e a visão macro das mulheres para não perder-se do todo. Como em uma rosa: a sensibilidade feminina e a beleza nas pétalas e a força masculina presente nos espinhos.

Terminamos este texto satisfeitos e felizes com a experiência de escrevê-lo em dupla, um texto simples, porém complexo como toda e qualquer relação. Ele é mais um dos resultados bem sucedidos da nossa parceria. Compartilhá-lo com os nossos leitores, pacientes, colaboradores e amigos é um grande prazer e uma prova concreta da funcionalidade dos pontos de vista aqui defendidos. Conseguimos demonstrar na prática que uma psicóloga comportamental e um psicólogo psicanalítico conseguem não apenas trabalhar diariamente com respeito, afinidade e sintonia, mas também sentarem-se juntos para elaborar conceitos de comum acordo. Esse texto foi a materialização nascida dessa afinidade já presente no nosso dia a dia na clínica e em outros trabalhos em nosso blog. E que venham muito mais frutos dessa complementaridade tão produtiva!

Felicidade, onde está você?



Por Elaine Soares Queiroz (CRP 06/63511-0)
Psicóloga e Diretora da Freixo Clínica


Nesses quinze anos de profissão, recebi em meus consultórios as mais diferentes pessoas: escolaridade, sexo, cultura, credo, nacionalidade, perdi o número de pacientes que passaram pelo meu “divã”, considerando inclusive, que muitos desses anos de trabalho foram em Hospital Público que propicia serviço com abrangente diversidade e demanda. E sem sombra de dúvidas, neste momento posso traçar algo em comum entre eles, a necessidade de ser feliz. Engana-se quem imagina que as pessoas procuram atendimento psicológico para resolver seus problemas, até porque esta não é a função de um psicólogo, mas buscam sim, livrar-se de uma situação conflitante que está lhe ocasionando infelicidade.

Portanto, conclui-se que a busca da felicidade é inerente ao ser humano, desta forma buscamos a felicidade como se ela fosse algo a alcançar, como se fosse mutável. Desejamos felicidade a alguém como se pudesse ser simplesmente adquirida.

Como manda o protocolo, toda vez que pretendemos escrever sobre determinado assunto é sempre importante pesquisar e estudar à respeito, e pesquisando não encontrei nenhum texto ou artigo que pudesse definir a felicidade, o que já nos diz muito a respeito do seu significado: é algo abstrato.

Então, alterei a estratégia na tentativa de definir a felicidade. O que não é felicidade. Atualmente vivemos em um regime capitalista e consumista, até porque não dizer “capitalista-consumista-globalizado”, onde as pessoas travam uma competição com outras entre “ter e ser”, uma inversão total de valores e importância por aquisição de bens, “quanto mais, quanto maior, quanto melhor”. Claro que ter uma vida confortável é necessidade de todos, mas vejamos, será que quem tem mais é mais feliz do que quem tem menos? Quem possui dois carros não é mais feliz do que quem possui um. Podemos adquirir um automóvel tão desejado, mais tarde nos voltar a outro, a verdade é quanto mais temos, mais queremos, e, sabemos também que quem aumenta suas posses, aumenta suas preocupações, então a multiplicidade de bens não trás o dobro de felicidade. É comum ouvirmos o dito popular, dinheiro não trás felicidade, manda buscar... alguém aí sabe em que loja posso adquiri-la? Felicidade não é produto a ser adquirido.

A felicidade não está relacionada a lugar que você habita, ou que você possa estar. Viajar para um lugar distante, paradisíaco não trás felicidade, infelizmente porque você carrega toda sua bagagem emocional, inclusive os conflitos que lhe atormentam a alma. Fugir dos problemas não é a solução, outra  dica sobre a felicidade. Ao contrário, viajar feliz torna a viagem ainda mais fascinante, o lugar visitado ainda mais belo e a pessoa ao seu lado ainda mais especial.

Prestígio, fama, sucesso também não lhe torna uma pessoa feliz, quantos famosos e pessoas bem conceituadas são infelizes e se comportam como loucas? São pessoas frustradas e insatisfeitas. Muitas vezes perdem a vida de forma imatura e trágica.

Você pode prolongar esta felicidade, como pode prolongar a infelicidade, ao ruminar pensamentos destrutivos, rancor e raiva.

Há quem pense na felicidade como ausência de problemas, pois bem, só não tem problemas ou conflitos para lidar quem morreu. A ausência de sofrimento não causa felicidade, pois é muito comum ouvirmos alguém dizendo que em meio ao sofrimento tornou-se uma pessoa melhor e mais feliz. A adversidade proporciona felicidade é comum estabelecermos uma verdadeira amizade em um momento difícil, encontrarmos um verdadeiro amor após sofrer uma decepção amorosa, aproximar-se da espiritualidade, da religião após uma fatalidade.


A vida machuca sim, a todos nós: sofremos decepções, somos magoados, fracassamos em nossos objetivos, perdemos pessoas que amamos, então dor é uma condição necessária para a felicidade. Exemplificando;  eu posso ter uma pessoa com anos de vida contados,  posso sofrer muito com isso, mas posso também aproveitar cada dia de vida dela e me sentir a pessoa mais feliz do mundo por vê-la despertar enquanto ainda nos restam esses dias. Sempre coisas boas também estão acontecendo em nossas vidas, basta prestar atenção.

Felicidade pode estar nas situações e vivências mais simples, como quando você consegue tirar do seu instrumento aquela nota musical que parecia nunca acertar. Aquela doce e única lembrança da adolescência que de tão importante ainda habita  seu coração, uma música que marca uma fase maravilhosa, um momento importante, um filme com final feliz, divertidas horas com amigos, estar por alguns minutos com um amor ou receber um abraço apertado de um filho. Você pode ser feliz por muitas razões ou por razão alguma.

Um jornal de Londres ofereceu um premio à pessoa mais feliz da cidade. Foram três vencedores; uma jovem mãe que cantarolava toda noite enquanto dava banho em seu bebê. Um artesão que assobiava enquanto trabalhava e um cirurgião sorridente, que sorria a todos cada vez que terminava uma cirurgia bem sucedida. Nada de especial. Mas felicidade transparece.

Por favor,  o que é felicidade? Apenas um momento, um estado de espírito. A felicidade não é sólida, não é concreta, é algo imutável, relativa, não podemos esperar uma felicidade absoluta, nada é absoluto nesta vida. Não espere alcançá-la, seja auto sugestionável,

F E L I C I D A D E  esta bem aí, ao seu lado ou seria dentro de você?

Dependente Químico – um outro olhar




Por Deborah Cozachevici de Jesus (CRP 06/99089)
Psicóloga da Freixo Clínica


Falar sobre dependência química é algo muito delicado, pois envolve inúmeras facetas, estereótipos e principalmente o preconceito. Porém, mergulho nesse universo tão vasto e complexo, por algumas percepções durante a prática clínica.

A priori é fascinante perceber e compreender que ao acolher os sentimentos, culpas e angústias trazidas pelos dependentes, torna-se proporcionalmente possível abrir margem para que saiam desta posição marginalizada em primeiro plano, se posicionando então como portadores de uma “doença”, dando legitimidade ao sofrimento, bem como a patologia.

A Síndrome de Dependência Química é uma doença física, mental e emocional crônica, progressiva podendo ser fatal, caso não seja detida a sua progressão, levando o portador à morte prematura, à prisão e /ou à loucura permanente.

E, ao perceber que desta maneira os “drogaditos” tornam –se pacientes que conseguem melhor compreender as razões orgânicas de sua dependência, e como isto está diretamente ligado às respostas emocionais, aflora a motivação para busca do tratamento farmacológico/psiquiátrico.

Quando falamos em dependência química, não devemos nos esquecer que a nossa sociedade está atrelada de uma maneira geral, a todos os tipos de drogas, lícitas e ilícitas.

No dia-a-dia na clínica, percebo que a dependência química traz consigo uma gama infinita de conflitos e sofrimentos tanto para o dependente como também para o núcleo familiar, tornando-os co-dependentes, isto porque a dependência se dá em diversos âmbitos, passando de uma dependência emocional (com seus aspectos e estruturas psicológicas), bem como pela dependência orgânica (reações químicas no sistema nervoso central).

É uma montanha russa de sensações e emoções para o paciente, passando por vários sentimentos, desde pequenas alegrias, grandes euforias, tristeza aparentemente insignificante, melancolia, apatia, podendo levar até uma profunda depressão.

Embora seja um tema muito atual, é difícil a sua abordagem, por ser dolorido de se tratar, então se torna imprescindível enfatizar de que há tratamento, e que há solução. Mas para que ocorra uma melhora efetiva e legítima no processo de desvincilhamento da droga, é necessário que o tratamento seja realizado de uma maneira ampla e multidisciplinar, fazendo com que o paciente entenda este processo.

Digo sempre aos meus pacientes: “Pensem quando precisam calibrar os pneus de um carro. Isto é feito nos quatro pneus conjuntamente, pois caso contrário o carro ficará instável, não atingindo êxito em seu propósito.”.

O objetivo maior deste texto segue o mesmo princípio dos objetivos da ação terapêutica no tratamento do dependente químico: o primeiro e mais importante passo é tirá-lo de uma condição marginalizada e devolvê-lo à sua dimensão humana, partindo da dor e do sofrimento para a esperança de uma verdadeira libertação de seu vício.

Consciência na postura



Fisioterapeutas da Freixo Clínica
 
Por Evandro César dos Reis Salles (CREFITO 3/167262) e
Marcella Fernandes Aprile (CREFITO 3/182618)
 

Frequentemente, nós, fisioterapeutas, observamos com a prática clínica que a cada dia há um aumento da incidência de queixas de dores nas costas, queixas essas que surgem nas mais diversas idades, circunstância ou causa, entendendo causa como sintomas de uma patologia, porém em grande escala essas dores trata-se de má postura e vícios posturais.

Má posturas e vícios posturais em geral são provocados pelo excesso de peso, sedentarismo ou problemas decorrentes a rotina imposta diariamente.

A Organização Mundial da Saúde calcula que 80% da população mundial sofrerá pelo menos uma vez na vida algum episódio de dor nas costas. Estudo realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública, ligada à Fiocruz, revela que o problema atinge cerca de 36% da população, e que apenas 68% dos afetados procuram tratamento. Os pesquisadores entrevistaram 12.423 pessoas de todas as regiões do Brasil, com mais de 20 anos de idade. As informações foram levantadas em 2008 e recentemente divulgadas.

Dentro todos os fatores causadores de dor nas costas, o maior vilão é a rotina diária. A pensar que brigamos cotidianamente com o tempo, então tudo que fazemos muitas vezes é de forma automática sem a consciência da ação.

Consciência, ato de se tornar consciente, esclarecido sobre algo necessário para o nosso aprendizado, tomar consciência nos prepara para evitar hábitos inadequados que geram uma série de consequências, uma má postura ao andar, sentar, digitar ou mesmo levantar e ou carregar peso de forma incorreta geram grandes sobrecargas para o corpo e a coluna. A falta de orientação a essas ações diárias e corriqueiras geram danos que podem persistir por toda a vida se não forem tratados, afetando a qualidade de vida e causando stress físico e emocional.

Podemos ressaltar que o avanço tecnológico tem uma grande parcela de culpa nos problemas posturais. Muitos jovens e adultos passam horas na frente do computador gerando sobrecarga para a coluna acarretando dores, desconforto e incômodos nas costas. A consciência corporal nos auxilia no combate à esses distúrbios, prevenindo lesões e diminuindo os sintomas.

Abaixo segue algumas dicas sobre tarefas diárias.





Simples movimentos fazem grandes diferenças, então cuidado ao abaixar, carregar peso, pratique atividade física, pratique vida saudável, inicialmente pode parecer difícil, mas tomar consciência é importante e o primeiro passo para a mudança, os próximos passos ficarão por conta dos próprios resultados, melhora na qualidade de vida, no humor, no sono, mais disposição para realizar suas atividades, aguentando mais as cargas que o dia traz ao seu corpo. O convite está feito: “Consciência na Postura”.

Conhecendo Fonoaudiologia



Por Fonoaudiólogas da Freixo Clínica,

Thaís Silkinate CRF 17075, 
Mileni Martins Capilla CRF 15911,
Cristiane Madruga de Metos CRF18601.
 

Atualmente a fonoaudiologia tem ocupado grande espaço na vida das pessoas. Nos últimos anos houve um crescimento e reconhecimento desta profissão, sem dúvida, a atuação clínica foi a maior responsável pela consolidação da Fonoaudiologia, mas o crescimento dessa profissão ultrapassou os limites da clínica. Então, vamos conhecer fonoaudiologia.

O fonoaudiólogo é o profissional da saúde e educação que atua na promoção, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação e terapia nas áreas de audiologia, linguagem, motricidade orofacial, voz e saúde coletiva.

Na área de audiologia o fonoaudiólogo deverá avaliar, identificar a perda auditiva, indicar o melhor aparelho considerando as necessidades do paciente realizar processo terapêutico, se houver necessidade.

A área de linguagem engloba uma série de habilidades, como atenção, memória, discriminação auditiva, compreensão, entre outras, e cabe ao fonoaudiólogo identificar quais das habilidades estão comprometidas e devem ser estimuladas em terapia.

A área de motricidade orofacial atua nas funções relacionadas à respiração, sucção, mastigação, deglutição, expressão facial e articulação. E na área de voz o fonoaudiólogo avalia e reabilita problemas de voz falada, voz cantada e aperfeiçoa os padrões vocais.

Em alguns casos a atuação fonaoudiológica ocorre de maneira interdisciplinar, com otorrinolaringologistas, pediatras, neurologistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais, a fim de fechar um diagnóstico e intervir de maneira mais efetiva, visando sempre uma melhor qualidade de vida para o paciente e para os familiares.

Quanto mais cedo ocorrer a intervenção terapêutica melhores serão os resultados, por isso os pais, professores e familiares devem ficar atentos ao processo de desenvolvimento das crianças, observando se apresentam dificuldades de interação e comunicação, dificuldades na fala, na sala de aula com rendimento escolar abaixo do esperado e se apresentam dificuldade de mastigar e engolir algum tipo de consistência alimentar (sólido, líquido, pastoso).

Uma forma de perceber se seu filho tem dificuldades é observando outras crianças da mesma faixa etária e se houver qualquer dúvida buscar a ajuda de um profissional qualificado. A intervenção precoce nos indivíduos adultos e idosos também é importante. Lembrando sempre que os pais e a família são parte fundamental de todo o processo terapêutico e são também os responsáveis pela evolução do paciente.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Distúrbio de Aprendizado e Dificuldade escolar, igual ou diferente?


Atualmente em Clínicas e Consultórios Multidisciplinares houve um aumento considerável na demanda de avaliação cuja queixa inicial trata-se de distúrbio de aprendizado.

Tal fenômeno se deve a muitos fatores: o avanço e o surgimento de algumas linhas de pesquisas como neurociência, neuropsicologia, neuropsiquiatria, maior acesso às informações, como a mídia, internet, redes sociais, a amplitude da visão e atuação do professor no processo de aprendizado, bem como de sua formação, e, não posso deixar de destacar, o aumento das expectativas de pais em relação a ingresso de seus filhos em escolas e universidades de renome ou de tradição.

Mas para reconhecer, encaminhar, tratar ou cuidar destes indivíduos e na minha visão, “pequeninos e grandinhos” que sofrem sem diagnóstico e vivem  cercados de muito rótulo e pouca compreensão, é necessário que todos tenhamos claro que há diferença entre Distúrbio de Aprendizado e Dificuldade de Aprendizado.

O termo Distúrbio de Aprendizado tem sido utilizado por nós profissionais da saúde e da educação  de forma indiscriminada, como sinônimo para designar o aluno que não está acompanhando o processo de aprendizado ou não está mantendo rendimento a contento dos pais e da própria política de avaliação e aprovação da escola.

Há uma grande diferença entre dificuldade de aprendizado e distúrbio de aprendizado. Embora não tenhamos uma única definição, há uma concordância da denominação em alguns aspectos.

Primeiramente se faz necessário contextualizar a palavra Distúrbio: no dicionário, entre outros, refere-se à anomalia funcional de um órgão ou de um sistema, transtorno, ato ou efeito de transtornar, desarranjo. Já pela linguagem médica os termos acima têm sido utilizados para expressar uma alteração da normalidade, seja de natureza estrutural, funcional ou comportamental.

Definimos então Distúrbio de Aprendizado como um alteração da “normalidade” dos mecanismos que envolvem este processo, cuja desordem é devida a presença de um componente neurológico, resultante de disfunções do sistema nervoso central, neuroquímico, neuropsicológico, inclusive patogênico, impedindo seu desempenho no processo de aprender. Assim conclui-se que os distúrbios são intrínsecos e presumivelmente se devem a uma disfunção, não sendo resultantes de condições deficientes ou influências ambientais.

Traduzindo, o indivíduo que apresenta Distúrbio de Aprendizado tem um componente orgânico envolvido, ele não é  “culpado” por não aprender. Tenho uma frase que eu, particularmente, uso na Clínica aos pais e profissionais: “não espere do aluno aquilo que verdadeiramente ele não tem para oferecer”, um Distúrbio de Aprendizado ele é, e será sempre Distúrbio de Aprendizado. Aos 06/07 anos torna-se mais evidente por conta do processo de alfabetização, mas já existia e irá existir durante toda a vida, aos 12 anos, aos 30, aos 60 anos. O que é possível é adaptar o indivíduo a conviver ou buscar mecanismo para ser mais eficiente no cotidiano.

Já na Dificuldade de Aprendizado se trata de um processo que encontra um impedimento ou obstáculo de causa não orgânica, podendo ser revertido após a compreensão, entendimento e cuidado desta causa. Destaco aqui, e ressalvo, crianças que possuem Dificuldade de Aprendizado não têm dificuldade porque não querem aprender. Eu pergunto: será que alguém tem o prazer de ser estigmatizado, “perseguido”, ser destacado como diferente do grupo de forma negativa? Há casos em que a criança realmente quer ter atenção, mas se trata de um aspecto emocional onde o reforço positivo é ter atenção.

Assim, existe algum componente que pode ser, emocional (separação dos pais, luto, alcoolismo de um membro), ambiental (mudança de casa, escola), físico e social (classe social, grau de envolvimento dos pais nas obrigações e compromissos escolar, deficiência física) poderiam ser uma das causas.

E, tanto a dificuldade de aprendizado como distúrbio de aprendizado, corroboram para alteração de comportamento, estas crianças se tornam agressivas, desobedientes, anti-sociais, depressivas, tumultuando os diversos ambientes que convivem.

Concluindo, Distúrbio de Aprendizado ou Dificuldade de Aprendizado ambos causam grande impacto na vida do indivíduo e inspiram cuidados, devendo ser identificados pelos pais e pela escola, possibilitando a devida intervenção, minimizando prejuízos.

A escola é nossa grande parceira neste processo, pois deve ter seu Staff preparado para em ambos os casos analisar quando se deve encaminhar para um profissional ou quando este pode ser resolvido no próprio ambiente escolar.Encaminhar a criança não significa que a escola fracassou, ao contrário, esta promovendo a tríade aluno + escola + profissional de saúde = eficiência escolar.
Este é um tema vasto e ficaria por horas escrevendo e dissertando sobre assunto. Obviamente não esgoto meu escrito aqui, mas deixo um apelo aos pais e as escolas: “o tempo não volta, sobretudo o tempo funcional das fases de desenvolvimento infantil”. Portanto, na dúvida encaminhe ou procure um profissional, ninguém peca por cuidar do Ser Humano.

Elaine Soares Queiroz
Psicóloga Clínica – CRP 06/63511-0

Os Desafios da Paternidade



Sabemos que não há receita para criarmos e cuidarmos de filhos. Todos somos diferentes, e saber lidar com estas diferenças pode ser um bom caminho para compreender e sermos mais assertivos na criação de filhos.

Os pais podem entender melhor os próprios filhos aprendendo a se relacionar com eles, ou seja, falar a linguagem deles. É fundamental que os pais tenham consciência de que são os principais e insubstituíveis educadores de seu filho.

Para entender esta “linguagem”, é necessário compreender as fases que eles se encontram e as suas necessidades.

Por isto, abaixo listei algumas informações que acho importante e que poderão ajudá-los a refletir e por em prática nesta jornada da paternidade: 

- A criança necessita de estímulos para aprender e internalizar os valores ( regras), bem como para auxiliar no seu desenvolvimento;

- Quando se tem mais de um filho, é importante entender que eles são diferentes e a forma de comunicar e educar também deverá ser diferente. O amor e afeto é que devem ser igual;

A criança é regida pela vontade de brincar, fazer, e junto com a brincadeira entram os valores;

- Içami Tiba, em seu livro: Quem Ama, Educa, nos orienta a dar 05 passos para o atendimento integral da criança:

1 – PARAR: Sempre que possível, pare e dê atenção total á criança. Se não pode naquele momento, faça- o depois, mas não se esqueça de PARAR.

2 – OUVIR: Olhe nos olhos dela e ouça. Você ajudará a aprender a se expressar;

3 – OLHAR: Olhe verdadeiramente para ela;

4 – PENSAR: Quando você ouve e olha, você pensará na melhor forma de responder á ela;

5 – AGIR- Tenha atitudes claras, transparentes e objetivas. Se assegure de que realmente saciou a vontade da criança ou que a criança compreendeu porque agiu daquela forma;


AUTO-ESTIMA X FELICIDADE

Se você deseja ver o seu filho feliz, alimente a auto-estima dele, pois a auto-estima é a base da felicidade.

- Comece elogiando-o e valorizando os comportamentos positivos;

- A noção de segurança de seu filho vem do seu amor por ele, mas muito mais do amor que ele capta entre você e seu cônjuge;

- Em caso de separação, a consciência e a presença do amor de pai e mãe também ajudará no desenvolvimento da auto-estima da criança;

- A auto-estima ajudará o seu filho a tomar decisões importantes e mais assertivas no futuro.


PAIS!! NÃO CAIAM NAS SUAS PRÓPRIAS ARMADILHAS!

Muitos pais projetam nos filhos os seus sonhos, seus ideais, suas neuroses e ao invés de criar filhos felizes e saudáveis, criam filhos doentes e inseguros. Esta é a primeira armadilha!

Os filhos precisam ser cobrados e protegidos de acordo com as suas necessidades e capacidade. Ajude - o a descobrir do que gosta, oriente-o como pode fazer, não faça por ele. Mostre que errar faz parte da aprendizagem. Você também erra! Respeite a individualidade da criança.
Importante: os pais devem deixar claro para os filhos,desde a mais tenra idade, que eles (os pais) também são seres falhos. Assim sendo, ao errar, desculpar-se com o filho pelo erro cometido e exemplificar que existia possibilidade de agir de  outras  formas, contextualizando a realidade. Se os filhos convivem naturalmente com essa realidade não sofrem profundas decepções (principalmente na adolescência) diante de erros cometidos pelos pais.
 
A segunda armadilha também pode estar na mãe ou pai super protetor– pais super protetores não deixam seus filhos "caírem", errarem, tentam protegê-los de tudo. Só os filhos têm razão, entram em defesa deste, muitas vezes sem entender o contexto da situação.

Esta criança terá uma tendência a ter dificuldades, não sendo capaz de tomar iniciativas e decisões em sua vida, como estudar, persistir nas lições mais complexas, ajudar outras pessoas. Irá sempre “se esconder” atrás de alguém quando faz algo errado.

Permitir que a criança sofra as conseqüências de seus erros é saúde para o desenvolvimento da personalidade de seu filho. Ele saberá ouvir não, sem se irar ou buscar em coisas ilícitas ( drogas, delinqüências, etc) a compensação da sua frustração.

Ações corretivas e postura responsabilizadora são importantes para  não cair na armadilha da PERMISSIVIDADE e IRRESPONSABILIDADE.

Pais cobradores e/ou repressivos podem estar cavando a armadilha de ter um filho extremamente crítico e intolerante para com os seus próprios erros e erros dos outros.

Procure estimular as habilidades e talentos da criança conforme a sua capacidade.

Cada vez mais cresce o número de mães que trabalham fora e possuem tripla jornada. A mãe se sente culpada pela ausência e acaba permitindo comportamentos inadequados da criança, não integrando na criança o verdadeiro papel da mãe, cuidar, educar e amar.

Não é possível exigir o mesmo de uma mulher que tem oportunidade de cuidar da casa e filhos período integral.

A mãe que trabalha deve criar filhos mais independentes e cooperativos. Não deve fazer por ele. É importante o apoio do pai e marido, bem como estimular a cooperação de todos em casa.

O ideal, para não cair nesta armadilha é se disciplinar; disciplinar os filhos e marido para que todos façam parte das tarefas da casa. Depois dê um tempo com qualidade para participar da vida da criança, sempre atenta a necessidade dela, mostrando amor e interesse.

Geralmente a mãe tolera mais alguns comportamentos da criança. “É importante obedecer e respeitar os seus próprios ‘NÃOS”. Proibir e prometer algo que realmente possa sustentar.

Sejam determinados na sua postura educadora! Faça da paternidade um caminho de crescimento pessoal. Erros e acertos fazem parte.

Identificar as armadilhas ajuda a caminhar de forma mais segura e confortável.

Não desista!! Aproveite os erros, use a criatividade consciente, leia, reflita e busque o melhor para o seu filho. Se necessário, busque ajuda de um profissional. Com certeza o resultado mostrará que valeu a pena não desistir.

Boa sorte!!! 

Autora: Tatiane Oliveira – Psicóloga Clínica
CRP 06/83768

Bibliografia

Quem Ama, Educa – Içami Tiba – Ed. Gente
40 princípios na formação da Criança – Paul Lewis – Ed. Vida

Relações Familiares e Dificuldades Psicológicas: Há Culpados?


Quando algum membro da família passa por dificuldades psicológicas/emocionais, a tendência do senso comum – que nem sempre é sinônimo de bom senso – é estar sempre a postos para apontar um culpado, sobretudo quando a pessoa acometida por alguma dificuldade psicológica é uma criança.

Nós, psicólogos, frequentemente encontramos, em nossa prática clínica, pais preocupados, inseguros, constrangidos ou “na defensiva” devido à culpa imputada a eles por parentes, vizinhos, professores e até por eles próprios!

No imaginário coletivo há a ideia equivocada de que a Psicologia sempre culpa os pais pelos conflitos psicológicos dos filhos. Muitas vezes esse mito acaba sendo reforçado pelos próprios psicólogos, quando estes não têm o tato e a sensibilidade suficientes para orientar os pais a se posicionarem na complexa rede de afetos que estão envolvidos nas relações familiares.

Por isso, devido a essa complexidade de fatores em jogo, proponho que não pensemos mais em “culpa”. Troquemos essa palavra tão cheia de significados e conotações negativas por outra, muito mais libertadora, construtiva, positiva e realista: “responsabilidade”.

Nas relações familiares, ninguém é culpado de nada. Em se tratando do ambiente familiar, somos todos co-responsáveis pela saúde mental uns dos outros.

Como se pode perceber, responsabilidade é muito diferente de culpa. Esta última aprisiona, enquanto a primeira liberta.

E por que liberta?

Porque a responsabilidade, ao mesmo tempo em que evoca a participação de todos os familiares no sofrimento psicológico da criança, dá a cada membro da família, sobretudo à criança considerada “problemática”, o poder e a oportunidade de reverter a situação.

E como isso se dá?

Ora, é simples. Pense comigo: se eu sou o responsável por uma determinada situação estar ruim, isso significa que ela está sob a minha influência direta ou indireta, não é?

Se a situação está sob a minha influência, então automaticamente ela está nas minhas mãos, certo?

Logo, sou eu que tenho o poder alterá-la e modificá-la para melhor. Tem como uma notícia dessas não ser libertadora?

Quer sejamos o paciente, quer sejamos um familiar, basta que tenhamos a humildade e a coragem de analisar a nós mesmos com a maior honestidade possível e nos fazermos a seguinte pergunta: “como eu posso melhorar isso?”

Claro que responder a uma pergunta dessas nem sempre é tarefa fácil. É para isso que nós, os psicólogos, existimos: embora não tenhamos respostas prontas, estamos aqui muito mais para ajudar nessa busca do que para curar alguma “doença”.

Paulo Becare Henrique
CRP - 06/70260

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Encontros e Despedidas

Atualmente a sociedade, bem como estudiosos e pesquisadores voltaram atenção às relações e relacionamentos. E por que não falar sobre Relação Paciente e Terapeuta?

Segundo o dicionário, “relacionamento é o ato ou efeito de relacionar-se; capacidade em maior ou menor grau de relacionar-se, conviver ou comunicar-se com os seus semelhantes, ligação de amizade afetiva, profissional, etc.”

Quando o paciente nos procura para ajudá-lo estabelecemos na primeira sessão uma empatia e este primeiro contato define o tratamento, portanto, um relacionamento.

Não importa quantas sessões, meses ou anos serão necessários. Não há como negar que exista um vínculo não só pelos encontros semanais, mas o paciente compartilha parte do que você é, sua profissão, seu trabalho e sua segunda casa (nossos consultórios).

Vocês já se perguntaram quantas pessoas passaram por suas vidas, seus consultórios ao longo de tantos anos? Quantas histórias de relacionamentos poderíamos contar, relembrar e vocês ão de concordar que sentimos saudades daquela pessoa, que durante algum ou muito tempo fez parte da nossas vidas.

Somos capazes de lembrar momentos que necessitamos chamar à atenção por não realizar exercícios ou elogiamos quando venceram alguma fase rumo ao objetivo terapêutico. Também somos capazes de lembrar dos dias em que rimos de algum caso ou mantivemos o silêncio em respeito a dor do paciente. Relacionamento é também saber respeitar o silêncio, entrar em sintonia com o paciente a ponto de captar sua necessidade emocional, neste momento a técnica dá vazão ao afeto.

Imagina como é interessante você pensar em quantas pessoas diferentes, de quantas histórias de vidas fizemos parte, direta ou indiretamente , quantas lembranças boas, e algumas vezes ruins, guardaremos na nossa caixinha de memórias chamada coração? Dessa, nem o tempo será capaz de levar...Ter a sensação de dever cumprido, de ter feito parte da vida de pessoas tão diferentes, com suas histórias nos faz verdadeiramente vínculadas á elas.

São sensações iguais as que vivemos em nossos relacionamentos pessoais: realizações, saudades, respeito, afeto e muitas vezes, despedida e como despedir-se de alguém tão especial, que compartilhamos sensações? Assim é a nossa relação terapêutica.

Tenho pacientes em terapia com a alta já prevista, e porque não dizer a despedida... não, não, não... torna-se necessário não pensar em despedidas, mas no Sucesso Terapêutico, que é o objetivo da alta.

Despedidas fazem parte de ciclos que se encerram e renovam as chances de novas etapas começarem, novos pacientes, novas histórias, novos vínculos,e,   novos Sucessos.
Como disse Milton Nascimento: " A hora do encontro é também despedida...".

Patrícia Pigossi
Fonoaudióloga da Freixo Clínica
CRFª 14.474

Os filhos na Separação Conjugal

Neste novo texto gostaria de dar continuidade ao tema tratado anteriormente  (clique aqui para ler), mas agora com ênfase na repercussão da separação conjugal nos filhos.

A separação conjugal tem sido considerada, por muitos segmentos da sociedade, inclusive por alguns educadores, como um dos fatores responsáveis pelas dificuldades emocionais e pelo fracasso escolar de crianças e adolescentes, sendo que algumas escolas ainda na década de 70 , não aceitavam alunos cujos pais fossem separados. Nas duas últimas décadas, a investigação e a maior compreensão dos mecanismos que regem a dinâmica familiar têm possibilitado a revisão de alguns preconceitos e conceitos, passando-se a considerar as disfunções familiares enquanto expressão dos diversos membros que a compõe.

Houve um aumento nestas últimas décadas de separações terminadas em divórcios, porém acompanhadas com um aumento de novas uniões, são as famílias compostas, pluralistas ou reconstituídas, aqui uso uma expressão não minha, mas que me simpatizo muito; " os meus, os teus e os nossos”, filhos, amigos, parentes, agregados que constituem o novo conceito de constituição familiar, em que fundamentalmente se formam por VÍNCULOS AFETIVOS e não mais por VÍNCULOS CONSANGUÍNEOS. 

Começando a ruir a imposição do casamento para toda a vida, surgindo à necessidade de realizações emocionais satisfatórias. E como ficam os filhos nesta nova dinâmica?
A separação conjugal não é a grande vilã e responsável pelos problemas emocionais das crianças e adolescentes, o que tenho visto no consultório que muitas crianças já eram problemáticas ou já apresentavam dificuldades emocionais durante o período do casamento dos pais, que são provenientes de relação insatisfatória pais/filho, deste casamento insatisfatório, dos papéis desempenhado pelo filho em uma dinâmica familiar disfuncional, e até algumas patologias já estavam instaladas cujo estopim se deu com a separação dos pais.
De forma nenhuma posso, como também não devo, menosprezar o impacto da separação conjugal, os filhos são afetados e necessitam neste momento estrutura emocional para readaptar-se a nova constituição familiar, precisam de estrutura para lidar com as perdas e mudanças, todavia a superação da separação dos pais para os filhos vai depender de como os cônjuges conduzem este processo, sendo necessário preservar a imagem de ambos para a criança.
Deve-se lembrar que a separação não necessariamente tem que ser traumática, alias, quanto menos traumática melhor será a relação desses pais no futuro, favorecendo o entendimento no que se refere a tomada de decisões na educação e na relação e manutenção afetiva deste filho.

É importante saber que a base de desenvolvimento emocional e cognitivo da criança são suas vivencias com as figuras parentais, sendo muito sensitiva e perspicazes para captarem as variações do ambiente familiar, nesse sentido, o clima de tensão e as crises do casamento de seus pais que podem resultar na separação são percebidas, mesmo quando estes têm o cuidado de preservá-la de suas discussões e agressões.
O que se faz necessário é informar a criança, que já percebeu, o fim da relação conjugal e deixar claro que o casamento termina, mas as relações parentais e afetivas são eternas. O grande problema é que ambos (pai e mãe) estão tão emergidos em dores e frustrações que não poupam ou tão pouco conseguem administrar a frustração da criança, sendo fundamental procurar ajuda profissional nestes casos, pois a criança  tende a se culpar e por fim acaba tentando lidar com a dor dos pais e com sua própria dor que resulta numa sobrecarga emocional e prejudicial ao desenvolvimento infantil.

As expressões das ansiedades da separação dos pais são manifestas por meio de verbalizações, jogos, brincadeiras, produções gráficas, porém quando as possibilidades lúdicas não são suficientes para expressão da angústia e não exista a elaboração da situação, a criança pode passar a apresentar queixas psicossomáticas; dificuldade no rendimento escolar, bloqueios cognitivos, alterações de comportamento ,isolamento, agressividade, entre outras que tende a surgir podendo assumir caráter transitório ou permanente, neste caso já não é necessário um profissional Psicólogo, mas  INDISPENSÁVEL para a saúde mental da criança.
E termino aqui, disponível para responder questões afins e deixo uma frase ... "Ser humano saudável é aquele que supera suas frustrações” .....e “redefine” a felicidade...

Elaine Soares Queiroz
Psicóloga / Diretora da Freixo Clínica
CRP 06/63511-0

Adoção

O tema da adoção é vasto ao abordá-lo esbarramos em outros temas não menos complexo que é a formação da identidade parental do casal.
Muitas vezes o interessado busca a adoção, como sendo a possibilidade de ampliação do seio familiar ,quase sempre pela impossibilidade de procriação ou mesmo tendo decidido não gerar um filho biológico, escolham a adoção como um caminho possível da paternidade e da maternidade.
Embora, hoje em dia, as adoções possam ser efetivadas por casais com filhos e por pessoas solteiras, a maior procura surge entre casais, que por alguma razão não conseguiram gerar filhos biológicos.

 A adoção tem como finalidade responder as necessidades da criança e dos pais, permitindo que ela encontre uma nova família, um ambiente afetivo satisfatório e ao mesmo tempo formativo. Por sua vez, a adoção, representa uma possibilidade para pais que não podem ter filhos e que desta maneira têm a possibilidade de exercer este papel.
O período de gestação oferece uma oportunidade para o casal ir se preparando para ter uma nova identidade, que é a de ser chamado de pai e mãe.

Entretanto, na adoção está condição é muito diferente, por demandar um processo de identificação com os nossos atributos, sem muito tempo de aquecimento para esta etapa de vida.
O casal que adota passa a ser nomeado como “pai e mãe”, uma nova identidade é criada para este casal, e é através desta nomeação que estes serão conhecidos pelos seus filhos.

Segundo a psicanalista Polity (2001, p 29), quando um casal decide adotar uma criança, muitas modificações acontecem na vida psíquica de cada um. Sobretudo na relação entre ambos.

Freqüentemente a adoção está associada a situações geradoras de conflitos ou dificuldades não apenas pelo senso comum, mas ás vezes até por profissionais da área da saúde.

Apesar do tema ser tão antigo e estar presente ao longo da história da humanidade por exemplo, o caso de Hércules, esta constituição familiar ainda continua , envolta em preconceito e discriminação.

A identidade não vem pronta e sim através de uma construção contínua, sendo assim, se torna passível, de ser revisada e redefinida numa proposta terapêutica.

Sempre existiram e sempre existirão mães que, por inúmeras razões, abandonam ou entregam seus filhos a pessoas que têm um grande desejo de ter filhos e, pessoas que não querem, ou não podem ter ou criar seus filhos.

Dentre as pessoas que têm este desejo de ter filhos, uma parte significativa não pode tê-los biologicamente e dentre todas as crianças existem muitas que ficam sem pais naturais.

Em conseqüência disso, alternativas foram elaboradas por várias organizações para que outro tipo de relações familiares, que não necessariamente as biológicas existissem, tendo como objetivo principal ou se deveria ter o de proteger a criança, embora a filosofia “do melhor interesse para criança” tenha origens recentes em todo o mundo.

No passado a adoção tinha somente o objetivo de ser um instrumento para suprir as necessidades de casais inférteis ou então como um meio para dar uma família para crianças abandonadas.

Esta forma de adoção era conhecida como “adoção clássica” desse modo a adoção vem somente atender aos pais que desejavam fazer sua inscrição na história, ou seja, de escapar da finitude e, de criar suas próprias raízes, para estes casais o objetivo na maioria das vezes era de uma certa maneira a de manter sua própria sobrevivência.

A falta de parentesco consangüíneo não significa falta de amor, pois na maioria das vezes o amor é até sem limites.

Para Chaves (1983, p. 4), que escreveu seu livro antes do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), a adoção é “ato solene” pela qual obedecidos os requisitos da lei, alguém estabelece, geralmente, com um estranho um vínculo de paternidade e filiação legitima de efeitos limitados, e sem total desligamento do adotando da sua família de sangue.

O sobrenome é a indicação e o reconhecimento social de que o indivíduo pertence a uma família. O nome é dado, mais o sobrenome é transmitido.

A adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente possui abrangência clara de finalidade voltada para os interesses do adotando, juridicamente alguns a consideram contrato, outros ato solene, ou então filiação criada pela Lei ou ainda, instituto de ordem pública.

Para Gibert 1977, ( apud Weber, 2001 p.60 ) é preciso discernir entre o desejo de ter um filho e a decisão de cuidar dele: alguém pode, por exemplo, desejar um filho, mas decidir não tê-lo. Os desejos, segundo o autor, são instâncias transmitidas psiquicamente e podem não consumar-se, ademais pode-se desejar uma coisa e decidir-se por outra. Entretanto, não aceitar faz parte de um processo psíquico e não biológico. A decisão de tê-lo não se constitui necessariamente a partir de uma determinação instintiva, mas remete a uma alternativa atravessada por variáveis psíquicas e sociais, não é o mesmo que saber cuidar do filho, como vem fazendo as mulheres ao longo dos anos.

Saber cuidar, não significa querer fazê-lo.

Podemos perceber que existe um número expressivo de crianças abandonadas, maltratadas, espancadas e até mortas por suas famílias, mostrando que o vínculo biológico não garante amor e proteção. Mas que por outro lado, observava-se famílias com filhos adotivos e homens e mulheres que partiram para novos casamentos e acolhem as crianças de seus companheiros e companheiras com profundo amor. Isso deixa claro que o amor a uma criança não depende necessariamente do vínculo biológico.

Não podemos negar aqui que existe o amor materno, sentimento adquirido que se estabelece pelo contato e disposição da pessoa com amor à criança, amor só de mãe tem certamente um fundo de verdade. Já que o amor de mãe costuma ser mais estável, confiável, puro e supera melhor as dificuldades, mais do que o amor entre um homem e uma mulher.

A adoção dá o direito, tanto para os pais quanto para a criança, de ter as suas necessidades respondidas, pois, traz a possibilidade para que a crianças encontrem uma família que possa lhe oferecer um ambiente afetivo que satisfaça o seu desenvolvimento e aos pais a oportunidade de exercer seu papel.

Os pais que desejam adotar, vivem um momento incerto de espera que pode perdurar por meses ou anos, o que acaba por acarretar uma insegurança que se torna muitas vezes, difícil para ser elaborada pelo casal.

Essa espera vivida pelos pais adotantes é angustiante devido ao medo de chegar no final de semana sem conseguir uma criança; medo da criança ter alguma doença ou que morra em suas mãos, medo de não ser amado ou de não conseguir amar o filho, medo de não ser boa mãe e outras fantasias que se acumulam nesses momentos.

A adoção para a mãe não significa apenas ter um bebê para cuidar. Essas emoções devem ser elaboradas, pois podem vir a influir negativamente sobre os sentimentos dos pais em relação ao bebê.

Casos em que a esterilidade é comprovada, isso pode trazer uma ferida narcísica de difícil aceitação. pois o indivíduo se vê privado de dar continuidade à sua vida através do filho. Nos casos de pais que buscam a adoção para tentar substituir a morte de um filho, pode ocorrer em uma relação hostil , uma vez que incansavelmente a criança simboliza aquilo que não está presente.

Segundo Brinich, apud Berthoud. (1999) o autor ressalta que para a mãe adotiva a questão de “ter ganho um bebê” e “não ter tido um bebê”, pode trazer implicações na representação que ela fará de si mesma e da criança adotiva, pois a mãe biológica pensa na criança como parte dela e a mãe adotiva vê a criança com parte de outra pessoa.

A mãe biológica envolve a criança, com uma grande carga de sentimentos, o que para a mãe adotiva constitui-se uma dificuldade, pois a criança a faz lembrar de sua “ incapacidade”...

Os pais adotivos com conflitos epidianos não ressalvadas, sentem-se como se tivessem roubado a criança de outra pessoa, e apresentam medos de que seus filhos os deixem. Expressam esse medo primitivo impedindo a criança de ficar com outras pessoas, o que acarreta dificuldades de permitir que a criança vivencie experiências normais de separação, como, ir à casa de um coleguinha brincar ou mesmo dormir fora de casa.

A fantasia de perda e o medo de que a criança abandone os pais adotivos faz com que estes tornem-se permissivos, demonstrando grande dificuldade em impor limites, esses medos são acompanhados por sentimentos inconscientes de culpa.

É comum os pais adotivos apresentarem a “fantasia do roubo”, pois têm medo que os pais biológicos exijam a devolução da criança. Isso ocorre pelo temor correspondente ao mundo fantasmático.

A família adotiva por não poder vivenciar o narcisismo questão que é sempre reforçada na família biológica, tende a compensar esse fato de modo que ao negar a adoção afirmando que são uma família biológica, dispensa a importância dos verdadeiros pais.

Muitos pais adotivos temem que a família biológica interfira no relacionamento dos filhos adotivos, outros, já pensam de forma diversa procuram os pais biológicos no momento de ajuda aos adotados. Para que isso aconteça os pais adotivos tem que ser muito bem resolvidos.

Falar com a criança e partilhar os seus sentimentos, faz com que os problemas sejam resolvidos com maior tranqüilidade, pois, quando o tabu se instala surgem os distúrbios de adaptação e emocionais.

É importante que os pais estejam preparados para lidarem com alguma decepção que possa surgir frente á criança, pois não existe um filho adotivo que vá com “selo de garantia”, como também
não há " selo de garantia" para o filho biológico, concluindo,  não existe uma adoção garantida, como não existe uma produção biológica garantida, porém, para as relações parentais serem  " satisfatórias" é essencial que os pais se encontrem preparados para aceitar uma criança  e simplesmente amá-la incondicionalmente.

Mônica Leite da Silva (CRP 06/70777)
Psicóloga da Freixo Clínica

A Reeducação Postural Global (RPG) pode mudar sua Vida.

Muito mais do que uma técnica fisioterapêutica , a Reeducação Postural Global (RPG) deve ser vista como um grande instrumento para mudar e melhorar a vida do paciente, contribuindo efetivamente para a conquista de um estilo de vida  mais saudável e de qualidade.
É importante ressaltar que a terapia não pode ser restrita ao tempo de consultório, quando o terapeuta tem  a  oportunidade de aplicar a técnica, mas principalmente usar este momento também para conhecer seu paciente, não apenas o que o incomoda mas a causa desse incômodo, e aproveitar este tempo para além de tratá-lo , orientá-lo muito bem. Como podemos Reeducar alguém sem saber quem ele é, o que pensa, sem  conhecer sua vida fora dali? A Reeducação Postural começa na mente do paciente.
Para que haja sucesso no tratamento, o paciente precisa entender a sua importância dentro da terapia, o quanto a sua disposição em mudar hábitos errados fará a diferença no resultado final. A Reeducação implica transformar inclusive a imagem corporal do paciente, ou seja, o seu auto-retrato gravado em seu cérebro. Esse processo vai ocorrer lentamente ao longo da terapia , não apenas pela intervenção do fisioterapeuta mas, principalmente na associação desta intervenção ás mudanças nas atividades de vida diária e profissional do paciente.
E que mudanças são essas? São mudanças que precisam ocorrer desde o momento em que o paciente acorda até a hora de dormir, ensiná-lo a perceber claramente o que traz danos e prejuízos ao seu corpo, a discernir entre o que é fundamental para viver bem e o que gera stress, cansaço e dor. Mudar nesse contexto é sinônimo exclusivamente de melhorar. E o paciente precisa querer melhorar.Para isso, precisa confiar em você, acreditar que o que você diz terá efeito, e só conseguimos essa confiança quando o paciente encontra  em nós comprometimento, antes mesmo de conhecimento.
Não basta ter uma grande ferramenta nas mãos se não soubermos o que fazer com ela. Com a Fisioterapia aprendemos a arte de reabilitar, recuperar o que foi perdido. As pessoas hoje carecem de serem ouvidas, de serem percebidas dentro da sua queixa, do seu sofrimento. A Reeducação Postural Global pode mudar sua vida e deve, através do ouvir, do querer, do saber, do perceber, do transformar, do orientar e mais que tudo, do não desistir nunca de fazer o melhor pelo nosso paciente, sempre.

Patrícia Viana
Coordenadora de Fisioterapia/RPG da Freixo Clínica
Crefito - 120083

terça-feira, 19 de junho de 2012

Aniversário da Freixo Clínica



Neste mês de junho a Freixo Clínica completa mais um ano de dedicação e competência. A nossa gratidão a todos os que fazem e fizeram parte desta história de sucesso: colegas, colaboradores, pacientes, amigos e familiares! Parabéns Equipe!

Elaine Soares
Diretora/Psicóloga da Freixo Clínica

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Mudar o mundo



Queridos leitores, seria impossível terminar o mês de maio dedicado às mães e mulheres sem dar ênfase a essas que passaram pelas nossas redes sociais, anônimas ou famosas, com seus depoimentos, textos e mensagens, nos tornando ainda mais apaixonados por causas das quais estamos nos dedicando (inclusão social) e inclusive, nos fazendo refletir e indagar: temos causa?

Quando proporcionar que, no seu estabelecimento, uma cadeira de rodas passe por entre as portas é uma causa? Onde respeitar as diferenças, seja em função de um cromossomo, de uma condição de locomoção ou de grau intelectual é uma causa?

Aprender sobre as diferenças, trabalhar com elas, e principalmente respeitá-las é simplesmente uma questão de cidadania, de ser humano, e, acima de tudo, é respeitar o direito alheio. Eu tenho o direito de ir e vir,  tenho direito a saúde e tudo mais que a sociedade em que vivo pode me conferir, mas desde que eu não tenha uma deficiência ou até ter uma.

Queridos, pasmem, em algum momento na vida nos tornamos deficientes ou já fomos, inclusive e principalmente na instância psicológica..." de perto ninguém é normal " . Ouvindo as autoras do livro Maria de Rodas contar sobre suas histórias e suas aventuras em alcançar objetivos (mais um tema impossível de não mencionar) eu acabei  por me titular: eu sou uma Maria sem rodas, tive, tenho, terei obstáculos a vencer, muita força, muito medo, muita raiva, muito  amor e já sofri preconceito... e quem já não sofreu? Disse a repórter Flávia Cintra, uma das autoras..."o mais difícil não é ser cadeirante, é ser mãe..."

A inclusão social não é uma obrigação só da rede pública, não é dever das instituições escolares ou de saúde, mas de toda a sociedade, é um problema meu, seu, nosso, um trabalho que começa individualmente, intimamente, mentalmente. Quando você observa um cadeirante e pensa “que dó dele”, já imaginou que, apesar da cadeira, bengala ou cão guia, ele pode estar mais feliz que você? Já pensou que ele pode realmente ter encontrado o sentido da vida enquanto você ainda busca?

Comece você  promovendo inclusão social, não há necessidade de tempo ou dinheiro, só abra os olhos do sentimento, abra os olhos do bom senso e comece intimamente uma campanha, mude seu pensamento, mude o seu olhar para as diferenças, conheça e reconheça-as, tornando-as apenas uma característica individual.

E, se conseguir faça mais, respeite as vagas de acessibilidade de um shopping ou de qualquer outro estabelecimento, elas atendem uma fatia da sociedade, são necessárias. Pense a próxima vez que for reformar sua calçada, por exemplo, um idoso consegue caminhar por ela ou um cadeirante? Se você tem um estabelecimento, ele proporciona acessibilidade? Quem sabe em uma próxima reforma?

Assim, preciso também lhes dizer que este texto não tem a intenção de ofender, ser falso moralista, ditar regras ou chocar quem quer que seja, mas, ao contrário, este texto tem a pretensão de mudar o mundo.

Talvez, meus queridos leitores eu passe despercebida aos meus amigos e até aos meus parentes, nem sei se verdadeiramente conhecem meu trabalho, porém um dia na vida eu decidi que não passaria despercebida à humanidade e não vou passar, estou solidária a alguém... sem destinatário, às vezes até sem mesmo remetente... vou deixar minha pequena grande contribuição e você? Vai admitir passar despercebido à humanidade ou contribuirá?...

Viva as diferenças e pensemos este mês nas relações...

Um grande abraço,

Elaine Soares Queiroz - CRP 06/63511-0
Psicólga/Diretora da Freixo Clínica

Pelos caminhos do amor



Eles pensavam que sabiam falar de amor. Enchiam cadernos, agendas, blogs, tweets e até guardanapos de lanchonete com poesias, declarações, juras, promessas, suspiros, devaneios, ilusões, sonhos e desejos.

Eles pensavam que entendiam as coisas da eternidade, dos corações, almas, químicas, corpos e despedidas. Acreditavam conhecer todas canções de amor, das mais bregas às mais sofisticadas; estavam certos de que todas versejavam sobre suas conquistas, frustrações e desventuras.

Julgavam já ter suportado todas as possíveis agruras, amarguras, dores do mundo e de cotovelo. Sábios e experientes na arte da platonicidade-não-correspondida: assim se concebiam.

Acreditavam, enfim, que entendiam tudo sobre o amor, ignorando que menos entende de amor aquele que mais o vive.

Um dia, porém, esse pequeno grande mundo estranho se tornou menor. Lá no céu astros esqueceram suas órbitas por um instante, colidiram, causaram explosões silenciosamente ensurdecedoras e o universo conspirou como só conspira em big-bangs e apocalipses: ela e ele enfim se encontraram na grande rede dos desencontros. O que antes era dois caminhos paralelos na penumbra, agora se tornou uma só clareira.

E a cada dia entendem menos de amor...

Paulo Becare Henrique - CRP 06/70260
Psicólogo da Freixo Clínica

Fidelidade entre paciente e terapeuta

A Fidelidade é o dever da lealdade e compromisso do fisioterapeuta para com o paciente em atendimento de RPG (Reeducação Postural e Global) e serve como base para a relação entre ambos. A veracidade, isto é, a utilização das verdadeiras e honestas  informações é um dever  prima facie dos profissionais de saúde.

Nessa relação deve existir a confiança que deve ser implantada logo nas primeiras sessões de atendimento. Este vínculo tornará o processo de tratamento eficiente e produtivo chegando ao alívio da dor e/ou correção postural.

A motivação também é parte fundamental deste processo. Entre posturas, controles abdominais,  fortalecimento muscular, o trabalho se completa com a permissão e admissão do contato físico (manobras do RPG) e emocional, fator esse que contribui para o quadro de dor.

Essa tríade paciente+ RPGista+vínculo, constitui a mais doce, tenra e eficiente amizade terapêutica necessária à busca do objetivo determinado por ambos na entrevista inicial.

Assim, o relacionamento entre terapeuta e paciente é extremamente importante para um resultado satisfatório e permanente, inclusive contribuindo nos aspectos emocionais causados pelas limitações da patologia ou da dor.

Andréia Regina Pavanello Garcia - Crefito 12701
Fisioterauta (especialista em RPG) da Freixo Clínica

A obesidade é séria demais!

Devemos entender que a obesidade é uma doença crônica. A pessoa obesa sofre constantes discriminações por parte da sociedade, como se ela fosse culpada pelo seu estado.

Na verdade, a pessoa obesa nada mais é do que uma vítima de fatores orgânicos, genéticos, hormonais e psicológicos, os quais têm implicações fortes para o controle da doença.

No entanto, é preciso avaliar todo o contexto e agir sobre cada um dos pontos que interfiram no sucesso de uma Reeducação Alimentar: mudanças de comportamento, estilo de vida, buscando ajuda com profissionais como médico, nutricionista, psicólogo e educador físico, para que juntos possam  ajudar a pessoa que sofre de obesidade.

Entre tantos preconceitos e discriminações, é impossível manter uma auto-imagem positiva, podendo em alguns casos, apresentar depressão, transtorno de ansiedade e outras manifestações mentais. Alguns estudos mostram que as pessoas obesas se mostram alegres e despreocupadas no convívio social, mas sofrem com sentimentos de inferioridade e sentem profunda necessidade de se sentirem amadas.

Muitos problemas começam ainda na infância, quando a criança obesa é excluída das brincadeiras, pois tem pouca agilidade, ou até mesmo tem dificuldades para locomoção e ainda sofrem com apelidos "jocosos". Já na fase adulta são bombardeadas com dietas da moda, lipoaspiração, ginástica passiva, eletroestimulação, tudo isso em busca de um corpo perfeito!

A sociedade é tão paciente com doenças inevitáveis como o Câncer e tão implacável com a obesidade, fazendo com que haja interferência na vida pessoal, social, profissional e afetiva. A pessoa obesa acaba sendo tratada como uma pessoa "preguiçosa, sem atitude ou sem  força de vontade".

Nós, como profissionais da Área da Saúde, temos o dever de ajudar nossos pacientes, independentemente do problema que tenham, afinal somos capacitados para que, com nossos conhecimentos, possamos ajudar a vencer os obstáculos, quaisquer que sejam suas proporções, e ajudar o paciente a ter uma qualidade de vida melhor!

A quem sofre com Obesidade, acredite é possível!

Sônia Carnicelli Felipe - CRN 20755
Nutricionista da Freixo Clínica